Acompanhada pelo presidente Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, a ex-primeira-dama do Brasil, desabafou durante um culto evangélico realizado em Taguatinga, Distrito Federal, na noite de quinta-feira, 7 de setembro. Em um discurso emocional, Michelle afirmou que eles estão “sendo perseguidos e injustiçados” e expressou sentir-se traída por pessoas que antes eram seus colegas.
Vestindo a bandeira do Brasil, Michelle Bolsonaro não conteve as lágrimas ao compartilhar sua frustração com a situação atual. Ela destacou o desconforto de ver pessoas que compartilhavam a mesma fé agora apoiando ações contrárias aos valores que ela acredita. Durante seu discurso, o ex-presidente Jair Bolsonaro a abraçou no palco, demonstrando apoio à sua esposa.
O discurso de Michelle ocorreu em meio a eventos que abalaram o governo Bolsonaro. Horas antes, a Polícia Federal aceitou a delação premiada do ex-ajudante de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid, que está detido desde 3 de maio. Nas próximas semanas, o Supremo Tribunal Federal decidirá se aceita o acordo de delação.
Mauro Cid é investigado por supostamente falsificar os cartões de vacinação do ex-presidente e de sua filha, além de ser peça central em um alegado esquema de venda internacional de joias e itens de luxo que Bolsonaro teria recebido em compromissos oficiais.
Durante o culto, Michelle expressou sua dificuldade em encontrar paz através da oração nos últimos tempos e mencionou sentir-se “com os polegares cortados”. Ela lembrou que, de acordo com sua fé, a perseguição era algo esperado e que todos que seguissem a Cristo enfrentariam desafios. Ela também comparou o governo de seu marido ao de Luiz Inácio Lula da Silva e destacou a importância de suas orações no Palácio do Alvorada, sugerindo que eles removeram oponentes internos do governo.
Jair e Michelle Bolsonaro estavam acompanhados por parlamentares do Partido Liberal (PL), incluindo o senador Magno Malta (ES) e o deputado federal Marcos Feliciano (SP).
A Polícia Federal suspeita que o ex-presidente coordenava e se beneficiava do suposto esquema de venda internacional de presentes recebidos em seus compromissos oficiais. Michelle também está sob investigação por suspeita de apropriar-se de algumas das joias recebidas por seu marido.
No final de agosto, o casal e outros seis envolvidos no caso, incluindo Mauro Cid pai, Mauro Cid filho, Frederick Wassef, Fábio Wajngarten, Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara, foram ouvidos pela Polícia Federal. Michelle e Bolsonaro optaram por permanecer em silêncio durante os interrogatórios.