No último domingo (3), a Venezuela aprovou, com expressiva maioria de 95% dos votos, a criação de um novo estado em território da Guiana. A região em questão é Essequibo, abrangendo 75% da área total do país vizinho e conhecida por sua riqueza em petróleo e minerais.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, comemorou o resultado do referendo em um discurso na capital, Caracas. Ele afirmou que o povo venezuelano deu o primeiro passo para uma nova etapa histórica, destacando a clareza e a força do pronunciamento popular.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, anunciou que 95,93% dos eleitores apoiarama criação de uma província venezuelana chamada “Guiana Essequiba”, além de conceder a nacionalidade do país aos seus habitantes.
A Venezuela baseia sua reivindicação no rio Essequibo como a fronteira natural com a Guiana, referenciando o Acordo de Genebra de 1966. Esse acordo, assinado antes da independência da Guiana do Reino Unido, estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulou uma decisão de 1899 que definiu os limites atuais.
Entretanto, Georgetown, capital da Guiana, defende o laudo de 1899 e busca sua ratificação pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), o principal tribunal da ONU.
Além da criação da província, o referendo também registrou votações superiores a 95% em outras quatro perguntas, abrangendo a rejeição ao laudo de Paris e à jurisdição da CIJ, o apoio ao Acordo de Genebra e a oposição ao uso das águas marítimas de Essequibo pela Guiana, onde a ExxonMobil explora vastas reservas de petróleo desde 2015.
Apesar da expressiva vitória do ‘sim’, líderes daoposição e alguns analistas questionaram a participação, sugerindo uma possível tentativa de mascarar uma taxa de comparecimento considerada “pequena” diante do eleitorado de 20,7 milhões.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, denunciou o referendo como uma “ameaça” e afirmou que seus compatriotas não têm “nada a temer”, reforçando o compromisso em manter as fronteiras intactas.
Por fim, autoridades venezuelanas divulgaram um vídeo em que indígenas substituem a bandeira da Guiana por uma da Venezuela, alegando ser a mesma hasteada por Ali em novembro na área reivindicada. O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiana classificou o vídeo como “falso” e “propaganda de guerra.”