De acordo com o líder espiritual, Zé Roberto registrou um ofício junto ao diretor do presídio de segurança máxima e à Justiça para realizar um batizado dentro da penitenciária
Manaus – O chefe da Família do Norte (FDN), José Roberto Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto da Compensa”, deve deixar o crime. Ou, pelo menos, é o que clama o pastor Hugo, em um vídeo divulgado nas redes sociais. O líder evangélico afirma que o presidiário aceitou Jesus Cristo e só aguarda liberação da Justiça para ser batizado [veja vídeo abaixo].
“Acabei de sair da Penitenciária Federal de Campo Grande, e tenho notícias boas. O próprio preso, José Roberto, me entregou um papel, disse que não faz mais parte do crime, e fez o pedido para ser evangelizado”, comemorou o pastor.
No mesmo presídio, também está cumprindo pena o traficante Fernandinho Beira-Mar, outro detento com quem o pastor Hugo troca cartas e tenta evangelizar.
De acordo com o líder espiritual, “Zé Roberto” registrou um ofício junto ao diretor do presídio de segurança máxima e à Justiça para realizar um batizado dentro da penitenciária. Se autorizado, o ato deve ser realizado em até 60 dias.
“Nosso trabalho é esse, estar aqui fazendo a obra de Deus. O trabalho foi feito, foi realizado, e quando o juiz liberar, estaremos descendo José Roberto nas águas, para a glória do senhor Jesus. Aquele que crê e é batizado está salvo, quem não crê, já está condenado”, disse o pastor Hugo.
Fundador da FDN
Em 2007, Zé Roberto da Compensa e o traficante Gelson Lima Carnaúba, o “Mano G”, fundaram a FDN, que já chegou a ser considerada a terceira maior facção criminosa do país. Com braços no Acre, Pará, Ceará, Rondônia, Rio Grande do Norte além de Colômbia, Peru, Venezuela.
Segundo levantamentos da Polícia Federal, após passarem uma temporada cumprindo pena em presídios federais “Zé Roberto” e “Mano G”, voltaram a Manaus determinados a se estruturarem como uma facção criminosa.
Alianças e Racha
Para unir forças no narcotráfico, a FDN se aliou ao Comando Vermelho (CV), mas em 2015 o grupo se dividiu, iniciando uma briga por território em Manaus.
De acordo com investigações da Polícia Civil, o rompimento da aliança entre a FDN e o CV aconteceu depois que líderes da facção amazonense descobriram um plano de “traição” supostamente arquitetado pelo ex-integrante da FDN, Gelson Carnaúba, que migrou para o CV.
As duas facções passaram a disputar o domínio pelo tráfico de drogas na capital e a rota do Solimões, por onde escoam boa parte da droga que entra no País. Além dessas duas facções, a região ainda é disputada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Vida carcerária
Preso quatro vezes, o criminoso já passou pelas Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia; Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná; Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus; e Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Na última unidade, ele foi transferido após uma rebelião entre os presos que levou à morte de 56 presos e deixou mais de 200 foragidos. A razão do motim foi a disputa entre a facção rival e a busca pelo poder.
Após a transferência, em 2017, Zé Roberto registrou transtorno de ansiedade, depressão e surto psicótico no sistema prisional federal.
Veja o vídeo: